Uma rua para chamar de sua: só quem passa são os moradores.
O retrato da tranquilidade em Ipanema: em uma rua simultaneamente paralela à Lagoa Rodrigo de Freitas e à praia de Ipanema, a Alberto de Campos é um recanto arborizado que resiste à passagem do tempo. Artéria eminentemente residencial (exceção feita a um ou outro colégio ou curso de inglês, estabelecidos em casas quase centenárias, que já despontavam solitárias quando Tom Jobim corria, guri, pelas ruas do bairro), de prédios baixos e ajardinados, a Alberto de Campos é uma viagem a um passado em que o Rio era o cenário dos anos dourados.
Vindo de carro pela Lagoa, a Alberto de Campos faz esquina com a Rua Maria Quitéria. Quem, dirigindo, desce a Rua Alberto de Campos, vai cruzar depois com a Rua Joana Angélica, logo em frente a Rua Vinicius de Morais e, última esquina, com a Rua Farme de Amoedo. Cada um destes quatro quarteirões é caracterizado pelos prédios, na maioria baixos, e por algumas casas remanescentes da Ipanema de antigamente. Entre a Joana e a Vinícius, à esquerda, há uma pracinha na esquina da Alberto com a Rua Saddock de Sá (ruazinha que é uma pequena diagonal "escondida", que vem da própria Vinicius, por dentro, e mal atinge a Joana Angélica). Ainda à esquerda, entre Vinícius e Farme, está a Rua Gorceix, uma das menores ruas de Ipanema. Porque a mais ínfima de todas, a Desembargador Renato Tavares, a menor e mais escondida rua do bairro,você encontra virando à direita e depois à esquerda, na final da Gorceix, onde ela faz esquina com a Saddock de Sá. Em cada 1.000 ipanemenses, apenas um conhece a Renato Tavares. Provavelmente porque mora ou já morou lá. Senão, é difícil...
(Outras concorrentes em tamanho com a Renato Tavares são a Rua Xavier Leal, também sem saída, e as pequenas, mas com razoável tráfego, Rua Piragibe Frota Aguiar, e a super trafegada Rua Teresa Aragão, ex-Apolo 11. E, detalhe, todas estas três próximas a Copacabana.)
Mas vamos deixar a divisa com outros bairros e voltar ao coração de Ipanema. A Alberto de Campos, após a esquina com a Farme de Moedo, não é caminho para nada - a não para quem mora nela. Sequer como estacionamento para quem vai visitar outros trechos do bairro ela se presta, pois só é permitido o estacionamento em um dos lados da rua. Quem vem de bicicleta ou a pé para a rua geralmente vem pela Farme de Amoedo. Se vem da Visconde de Pirajá, irá cortar antes a Barão da Torre e a Nascimento Silva (que Tom Jobim, já merecidamente citado acima, eternizou nos versos "Rua Nascimento Silva, cento e sete... Ipanema era só felicidade"). Se vem pela Lagoa, subirá pela Vinícius de Morais e poderá dobrar na segunda rua, a própria Alberto, ou virar à esquerda nas já citadas Saddock de Sá e depois à direita na Gorceix. Afora a Farme, com seus múltiplos restaurantes, bares, padarias, lojas de suco e fast-food, todos os quarteirõies são eminentemente residenciais e cobertos de árvores seculares. Para andar de bicicleta, uma delícia.
Já no fim da rua (embora, pela numeração, seja o início), o 10B fica ao lado do antigo Panorama Palace Hotel, projeto premiado de um hotel suspenso no paredão cinematográfico que divide os bairros de Lagoa e Ipanema.
Lazer e práticas esportivas das mais diversas são uma oportunidade fantástica para quem mora em um endereço como este: além das caminhadas na Lagoa e Ipanema, e dos irresistíveis mergulhos no mar, surf, paddle, bodyboard, vôlei, futebol de praia, running, ciclismo, skate, slackline, frescobol, futevôlei e peteca são comuns na praia; futebol, basquete, tênis, ciclismo, patins, remo e pedalinho são super-comuns na Lagoa (sem contar a farta oferta de equipamentos de musculação ao ar livre, na praia e na Lagoa). Ou seja, alguém que queira conciliar localização sofisticada, atividade física, points gastrônomicos e vida noturna - a pé - pode escrever embaixo, sem pestanejar: Alberto de Campos.